sábado, 2 de novembro de 2013


Num desabar qualquer
Destes em que os cacos ficam encravados
Na palma das mãos
Em que eu só queria voltar para casa
Você se fez presente
Me mostrando na dor
A palavra que não conforta
Mas, que liberta

Se ser nós mesmos fosse prestígio
As crianças morreriam de diabete
É preciso encontrar a si nos erros
O ser é os seus próprios erros
Seus próprios preconceitos
Orgulhar-se daquilo que se é
É tornar-se o que sempre foi

Este desespero de ficar só
É apenas consequência da pura essência
Tolo aquele que se fantasia querendo ser outro
Além de trair o iludido, traiu a si mesmo
Não nos fantasiemos dos nossos sonhos
Sendo assim, a realidade poderá apenas ser

Bonito não é ser belo
Plausível não é ser glorificado
Ser é ser!

quinta-feira, 24 de outubro de 2013


Olhei tudo ao meu redor
Aquela casa sem pó
E estranhamente
Tudo que era limpo se tornou dor
E arrependimento

A dúvida é o preço da pureza
Para ter certeza precisamos ser açoitados
Açoitados pela verdade da vida
A verdade que não é boa nem ruim
Mas, justa

Todo aquele que for
Será salvo e liberto
da dor
Quando voltar
Contará a paz que aderiu
Aos que não foram
Se não quiserem ir
Que os deixem
Pois, a afirmação há de se apresentar

sábado, 5 de outubro de 2013


O bom Deus nos deu o outro
e o outro nos tem graças ao bom Deus
É um eterno doar
a verdadeira essência deste amar

Enquanto eu caminhava
Te procurava
Caminhava numa solidão
Aquela aonde a felicidade
Era um objeto muito caro

Num viver por viver
Andar por andar
Você se fez presente
Fazendo não me reconhecer mais na tristeza

Aonde tinha uma ferida profunda
Tem terra nascendo lindas flores
Se as lágrimas caem
São estrelas das pálpebras


quinta-feira, 3 de outubro de 2013


Depois de estar cortado daquele jeito
Ela voltou
Aquilo em que muito tínhamos perdido
diferentemente muito ganhamos

A cada gota de lágrima derramada
ou de sangue escorrendo para os cantos
temos um pouco de sorriso neste verão
em que está por vir

O distante se tornou próximo
e o próximo se tornou distante
A vida é esse eterno retorno
Nada finca quando tudo é desespero

Quem disse que a nossa maldade foi em vão?
A cometemos, sim
É pecaminosa?
Os nossos olhos de carne não podem ver
nem a razão, quanto menos a verdade

O futuro pertence ao bom Deus
e o sono e sonho a própria vida


sexta-feira, 27 de setembro de 2013


 Sim, eu sei que sou maldoso. E por qual motivo hei de querer ser bom? Os bons sempre saem perdendo, quando tentei ser bom, quando cultivei a minha compaixão cristã - eu quase morri de dor.
 Prefiro sentir dor porque não fui bom, do que sentir dor sendo justo. Prefiro o meu jeito mesquinho, todavia, com um escudo/ um lacre contra a manipulação do meu sentimento.

A vida é uma coisa doentia, e tudo sempre passa... principalmente essas pessoas. Passam sempre deixando um rastro de sangue.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013


 Mesmo com um aperto no peito eu vou seguindo em frente. Me doeu muito quando eu soube da sua doença, já tinha uma noção dos seus problemas de saúde, mas, nunca passou na minha cabeça que pudesse ser um tumor. Também, não queria que você se afastasse de mim desse jeito.
 Sabe, querida, a coisa mais difícil é eu conseguir gostar de um alguém - ao ponto de amar. Eu te amo mesmo você indo e voltando para a mesma pessoa, mesmo dizendo entrelinhas que gostaria de ficar comigo e no final fazer exatamente o contrário. Não faz mal, não me importo em ser apenas o seu amigo, o que me importa de verdade é vê-la feliz.
 Passo horas sem dormir pensando em você, estou no ônibus indo para a faculdade e eu fico imaginando se você estivesse do meu lado, me acompanhando para assistir uma daquelas aulas loucas do Giovanni, e depois dessa aula me ver imitando com os meus amigos o sotaque do italiano. Seria maravilhoso se isso acontecesse, só que você está muito distante fisicamente, e nem sequer aparece para me dizer como está, e quando aparece me evita.

 Dói! Principalmente em saber que é tudo por causa dessa doença, que é tudo por causa de um mal que fizeram a você há alguns anos (ou por toda a vida), e mesmo querendo ajudá-la, tendo toda a disponibilidade e vontade, tu não vem aos meus braços. Então, o que me resta? Orar. Por muito tempo neguei o bom Deus, em palavras e algumas atitudes... mesmo sabendo que necessito da religião, sentindo a presença do divino e dos espíritos que buscam a verdade.

" Senhor, dê luz a quem procura a verdade"

 E quando mais eu vou buscando essa verdade, maior tem sido a minha dor. A verdade é pior do que quando descoberta, é aquele sentimento que apunhala as paredes da tolice e ignoramos(por pensar que estamos enganado), até o dia que aquilo explode e temos que mergulhar num mar de sangue.

domingo, 8 de setembro de 2013

"Não me abandone JAMAIS"


 Será um dia como outro qualquer?
 Esse ser Eu que sangra tanto
 quando se mostra frágil
 e faz todo esse gosto de ferrugem descer para os ralos

 Quando é pra falar de amor
 a vida se veste de saudades do que já aconteceu
 e teme até o "não acontecer"

 Fico imaginando todas aquelas ondas
 ao som de um violão harmônico
Ah, por essa solidão eu tudo daria
Mas, é triste olhar pra fora
e perceber que ainda estamos no inverno

Vestígios de preenchimento
são apenas vestígios
confundi o cheiro de rosas
com o de produtos de limpeza,
é tão doloroso, não é mesmo?

Agora eu vivo esperando
por dias improváveis,
me iludindo com essas músicas bobas
esperando esse Você que eu não sei quem é
chegar pra cantarmos o refrão

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

"Ora, se você quiser se divertir invente as suas próprias canções"


 Assim como você mesma disse: - muitos outros amores estão por vir, e nos esqueceremos de gostos, falas e marcas!

 É claro que não foram amores iguais aquele que tínhamos cultivado em Novembro de 2009, me lembro até o dia, 19, com o pedido realizado mais ou menos às 20:00 de uma quinta-feira, véspera de feriado (primavera). Lembro-me que antes de tudo  ficamos meses e meses trocando olhares no pátio, na porta, nos corredores e nas calçadas próximas ao CAMP. Percebia você cutucando as suas amigas e fazendo com que as mesmas também direcionassem os olhares para mim, tentava fazer você pensar que era impressão sua os olhares que eu retribuía, e mesmo parecendo óbvio preferia não acreditar em definitivo na atração que tinha pelo meu ser esquisito, de calça agarrada, camiseta surrada, aparelho nos dentes e cabeça raspada. Era muito diferente de você, que vivia sorrindo, ria de tudo que os seus amigos diziam e eu sempre de cara fechada, mas com uma euforia muito grande ao te pegar sempre me olhando de lado, as vezes até levantava o pescoço.

 Até que em um dia de Novembro, eu a vejo com uma amiga na hora da saída do Camp, eu tinha o costume de fazer aquele caminho para chegar no Terminal Lapa e tomar o ônibus que me deixava na porta de casa e eu estranhei você e a sua amiga estarem fazendo aquele mesmo caminho, por mais que fôssemos para a mesma direção, ouvi o pronunciamento do meu nome feito por um garoto que era da mesma turma que eu, todavia não me importei muito e fui para o Terminal da Lapa. No dia seguinte, sexta-feira, você e a sua amiga vieram conversar comigo, pedindo desculpas e dizendo que não estavam me seguindo caso  tivesse sido a minha impressão, mas é claro que naquela justificativa vocês se entregaram, até porque em momento algum eu pensei que estivessem me seguido apenas estranhei o caminho que estavam fazendo.

 Na segunda-feira aquele mesmo garoto que pronunciou o meu nome na quinta-feira, veio falar comigo  a seu respeito, e senti depois de muito tempo a eudaimonia (em consequência da reciprocidade), a partir disto fiz de tudo para me manter próximo, pedi para que o mesmo anotasse o seu msn (de maneira que não percebesse que era eu quem tivesse pedido) e a adicionei, e tivemos uma longa conversa. Falamos sobre literatura, sobre música, sobre Legião Urbana, sobre sentimentos do mundo e sobre "escrever". No dia seguinte conversamos cara a cara pela primeira vez... era uma terça-feira, foi muito engraçada aquela conversa, talvez eu tenha sido um pouco indelicado ao imitá-la pedindo o meu "cadeeerno". Quando foi quarta-feira nos encontramos no mesmo horário,  na saída do Camp e desta vez eu resolvi te acompanhar até o seu ponto de ônibus, como de costume eu gosto de ficar conversando em pontos de ônibus e certamente a fiz perder vários, cutucando a sua barriga, elogiando o seu cabelo e falando algumas bobagens... até que enfim eu te arranco um abraço, não falávamos nada, apenas ficávamos abraçados, eu pelo menos estava refletindo sobre as vezes que nos olhávamos de longe, sobre as vezes que eu achava tolice esse papo de amor e que comigo parecia ser impossível tal coisa estar acontecendo, afinal, quem se interessaria por alguém tão estranho? mas, no fundo eu sabia que em outra proporção você também era estranha e tinha algo de diferente para despertar a minha atenção em meio a tantas outras garotas.

 Quinta-feira tornamos a nos encontrar, no mesmo horário, porém decidimos mudar o nosso rumo e fomos ao Shopping da Lapa, começamos a perambular por aquele lugar repetitivo e ostentador de coisas que não poderíamos comprar, é claro que a minha atenção não era aquela e sim no sentimento de estar fazendo com um alguém que me parecia ser tão distante(mas, ao mesmo tempo tão próximo), nos sentamos e conversamos. Um novo abraço aconteceu, desta vez acompanhado do entrelaçamento de nossos dedos e da aproximação das bochechas, eram palavras soltas e talvez até bobas, nunca o bobo foi tão charmoso e expressivo, eram tão bobas quanto o nosso medo de ter-nos aproximado anteriormente, mas o medo tinha outro nome e este se chamava curiosidade pelo outro.
 Nos levantamos do banco e fomos para fora do Shopping, ficamos numa beirada abraçados e eu encostado, dois conhecidos passaram e nos elogiaram: - Que lindos! Até que enfim!
 Decidi falar sobre todo aquele sentimento de observá-la a distância, dizendo que tinha medo, do despertar do meu interesse, das minhas perguntas sobre os seus gostos e até como poderia ser a sua casa. Inicialmente tive temor de falar, talvez não saberia como me expressar, só que o seu olhar seguro e satisfeito me fez expressar sem gaguejar, e ao dizer você simplesmente retribuiu as palavras num ato: o beijo. Foi um beijo desajeitado, há muito tempo não beijava ninguém, mas até as coisas desajeitadas são bonitas.

 Querida, talvez não valha tanto a pena falar sobre o que aconteceu após isso, foram felicitações e infelicitações, mas quem dera eu se pudesse saber do gosto que ainda sinto daqueles dias de sol. Hoje eu sou uma pessoa só, e você muito bem comprometida e aparentemente feliz, os nossos rumos foram seguidos, você foi para a Psicologia e eu para a Filosofia, você foi para o teatro e eu prossegui com a poesia. Só que eu nunca pude permitir que nada fosse melhor do que aquilo, talvez por não ter a mesma inocência de antes, por não acreditar tanto assim em anjos e santos, só que não tem ideia do quão gostoso é me lembrar de tudo aquilo, de como é nostálgico ouvir as músicas que ouvia na época: Marcianos Invadem a Terra, 1º de Julho, Exagerado, Quando eu estiver cantando. Toda a minha formação juvenil eu devo a você e ao seu jeito natural e artístico de ser. Pensar tem sido lembrar de um Mundo Perfeito, Perfeita foi a inocência dos nossos primeiros dias juntos que jamais serão esquecidos.

sábado, 31 de agosto de 2013


 Os seios que me lembro
 me apunhalam na frieza destes dias
As unhas que arranhavam as minhas costas
em lembrança cortam com ódio o meu espírito

Aqueles sussurros
em que antes eram trilha-sonora
de uma experiência carnal
nessa madrugada solitária é um disco riscado

Gritos de primeiros toques
são hoje os meus berros no quarto escuro


sábado, 24 de agosto de 2013

" Tu te tornas eternamente responsável..."


 O "deixa pra amanhã"
 é equivalente a muitos hojes
 Tudo é feito de hojes
 e também de amanhãs
 Nada é de ontem,
 nem a comida feita pela nossa velha no sábado
 e mesmo sendo esquentada nessa segunda não é um anti-ontem
Até os ontens são hojes e mais ainda amanhãs
Já parou pra perguntar:
- Quantos anos são necessários para reconstruirmos um instante?

Quero reconstruir aquele instante
Cem anos equivale a uma unidade
essa unidade a gente chama de instante
que mesmo empoeirado na estante
temos a certeza que a poeira nunca será um ontem
O ontem foi apenas uma bobagem




quinta-feira, 22 de agosto de 2013

" Vida, tão imanente vida"


 Raios de sol e sombras
 Reflexos que fazem o formato de um coração
 Mas, é apenas a folha seca de uma árvore
 Que devido ao natural perdeu a sua vida neste inverno

 Partiu neste amanhecer sem sono
 Sem nunca sequer ter chegado
 Dissestes da ausência da vida
 E tão pouco ter vivido
 Entardeceu logo pela manhã
 Ao invés de ter tomado café
 Tomou água suja








terça-feira, 30 de julho de 2013

" Espera que eu sejas forte atrás deste escudo, que nunca me deixou enxergar?


 Jardins secos em uma época propícia
 Árvores sem folha alguma
 que agoniza aquelas que estão no chão
 tão secas quanto o jardim

 O vento desta vez não leva
 traz aquilo que pediram que buscassem
 sem ter aonde por,  guardo dentro de mim

 E assim...
 caminho nestas ruas frias
 agasalhado e sem rumo
 Esperando por alguém
 o qual eu ainda não sei o nome
 pois, nomes já não significam tanta coisa

 Faço uma oração
 apenas com uma pitada de fé
 pois, as vezes que eu acreditei
 consequentemente desacreditei no último instante

 É o sofrimento que me trás até aqui
 neste bar imundo
 mas cheio de anciões em aprendizagem
 quero sentir novamente
 aquela velha novidade
 Ser um mau-exemplo, quem sabe?

sexta-feira, 12 de julho de 2013


 Viestes ao mundo de um outro sem erros,
 sem feridas nas mãos e nem nos pés,
 um coração puro e sem flechas

 Era apenas um menino,
 que passava perfume de alecrim
 e corria girando um pedaço de cipó
 Sentava ao lado de seu pai,
 para ouvir a velha canção do Chico Mineiro

 Cresceu vendo a luz que não se apaga
vendo a enfermidade, mas sem saber o porque dela
 Adoecia, mas, não sofria
tinha em seu peito as mãos de seus pais

Até que cresceu e decidiu apagar as luzes,
gemia com as chagas do mundo
Acendeu um toco de vela e disse:
- Não permitirás que fique só, pois curado é aquele que abraça!

domingo, 7 de julho de 2013

Pegadas no Deserto


 Caminhava pela vida de gosto amargo
 lembrando sempre de uma canção
 uma hora triste, outra hora feliz
 mas sabia apenas que era o meu sentimento
 Não tinha letra composta
 apenas uma melodia intensa
 que combinava com o Outono, Inverno, Primavera e Verão

 No Outono era tudo mediano,
 juntava corpo e alma
Quando chegou o inverno,
foi-se a alma e ficou o corpo
deixando de ser pessoa
Um espírito embriagado pelos seus erros
erros que não se permitiram ser perdoados,
foi necessário morrer para perceber
que não só é necessário perdoar
quanto é preciso pedir perdão,
e além do mais se perdoar

Chegamos e em outubro
o campo se esverdeou,
o beija-flor encontrou alimento nas lindas flores
Quando se deu por si,
já era Verão

Nossa vida pode ser um verão
ainda no inverno

domingo, 23 de junho de 2013

 Engolir todo esse sangue
 misturado a incertezas
 mas, que tem gosto de natureza
 e lembrar ainda mais forte
 da sensação de estar perto dessa fonte

 Peço em todas manhãs
 que me leve para bem longe
 dessa gente que só me engole
 e  que me leve pra perto de quem me quer bem...

 Não é pedir demais,
 querer viver em paz
 e se observar em reflexo de olhos
 que não estejam com ódio

segunda-feira, 10 de junho de 2013

500 dias com Ele mesmo


 Ele caminha pelas ruas frias da cidade de São Paulo, com a sua jaqueta de couro velha e um all star velho e chulezento. Para acompanhar a sua caminhada, nos ouvidos toca uma canção: " Sofria, sofria e foi sofrendo que eu cheguei nessa agonia de hoje em dia. Fico aqui pensando aonde é que eu estou errando: - Será que é  um conceito de poesia ou é defeito da Sophia?". Esta canção é comparada pelo seu sentimento de invisibilidade, de não sentir ser importante para absolutamente ninguém, e se pergunta o motivo de sua inutilidade, tudo bem que em seus estudos aprendeu que para a vida não é necessária uma causa útil, mas, dói muito em sua mente ser inútil ao ponto de ser comparado ao NADA.
 Tudo que o rapaz diz é irrelevante ou impossível de ser entendido, quem dera a ele ter pelo menos um pouco de ouvidos sem pretensiosidade, apenas, a fim de escutá-lo e pelo menos deduzir o que suas palavras tristes têm a dizer sobre a felicidade. Até já pensou em ligar naqueles números que dão uma espécie de apoio a mágoas, arrependimentos, tristezas e afins.
 O rapaz é só um garoto que quer viver a sua juventude, ter amigos e namorada. Mas, que parece ser desviado por um jovem cansado e abstrato. Tem desejos como todos os outros, se masturba antes de dormir... sente atrações bizarras (mulheres bem mais velhas é o seu fetiche).

 Tomado pela dor, pouco sabe o que fazer, e acaba vivendo o niilismo sem querer viver. Tentando ver nesse sofrimento da representação uma maneira de redenção continua por aí, caminhando e cantando, mas, que infelizmente aquela canção que é um pouco feliz não consegue seguir.


quinta-feira, 6 de junho de 2013


Eu assisto todos os espetáculos
de vidas nada interessantes
porém, que parecem ser bem melhores que a minha
Me arrepio com esses gritos imprecisos
com essas expressões raivosas
mas, que vêm de um vazio

O vazio que deixaram em mim
é como uma sacola sem fundo
Tudo que entra cai
tudo que é vidro se despedaça e me corta
Este meu chão está cheio de cacos,
e me impedem de caminhar pela vida
sem deixar rastros de sangue

Nem Teseu deseja me seguir
Caronte já não quer mais me dar carona
e Dionísio me deixou com vontade
Me diz agora, para aonde eu vou?

Já não cativo mais ninguém
hoje sou só um alguém perdido em outro alguém
Rasgaram o tecido
Jogaram fora as poesias
não beberam o nosso drink
e hoje vivo pelas ruas reciclando



quarta-feira, 5 de junho de 2013

Tempos de Seca!


Hoje eu me vejo distante de mim
tentando buscar aquela bela voz
aquelas belas roupas que ficavam tão bem!

Tudo ficou tão velho,
envelhecemos em nossa juventude tenebrosamente
Meu coração é enrugado
As minhas mãos ficaram ásperas
(antes os meus amores diziam que eram macias)

Agora, eu vejo o meu espírito embriagado nas esquinas
dormindo em calçadas jorradas de sangue
e o meu corpo despedaçado e fedendo com o ar rotineiro

Já me perdi,
minha alma se sujou nessa lama cheia de moscas
e estamos em tempos de seca!

terça-feira, 14 de maio de 2013

" Crianças de todo o mundo, uni-vos!"


 Me olhar no espelho e simplesmente espantar este pobre ancião que nunca viveu a infância e nem a adolescência. Quero voltar a acreditar em um Deus que restaura a alma dos velhinhos e que me carrega no colo quando eu me jogo no chão de tão cansado da vida.
 Ah, que saudades eu tenho daquela infância a qual pouco tinha sorrido, mas, mesmo assim enxergava  sentido na primavera e nos doces que tinham  na geladeira aos sábados. Podia não rir, todavia,  sentia euforia ao abocanhar aquele hot dog sem medo de engordar, afinal, não tem como uma criança ser feia.

 Crianças, jamais tenham ansiedade em relação a maioridade, sigam a risca o desejo de Peter Pan. Acreditem nas fadas, pois, elas de fato existem e visitam seus jardins em toda tarde de primavera. Veja com a maior seriedade o seu animalzinho de estimação, pois, ouvir latidos e miados  é muito melhor do que ouvir palavras feias de pessoas adultas.Gargalhem do Programa do Chaves, pois, aquilo de fato é engraçado, muito melhor do que rir do cabelo que disseram para você que é estranho.

 Para vocês, minhas crianças e meus adolescentes, peço que deem valor ao que é bom nessa vida, porque é chato viver por viver. Chorem sabendo que vão sorrir. Sorriam sentido prazer nas dores que sentem nas mandibolas.
 
"Vai ver que é assim mesmo
 e vai ser assim pra sempre
 Vai ficando complicado
 e ao mesmo tempo diferente
Estou cansado de bater
e ninguém abrir
Você me deixou sentindo tanto frio..."

"Deixa eu ver como viver é bom
 Não é a vida como está
 e sim as coisas como são..."

http://www.youtube.com/watch?v=mvBaHIGhrX8

sexta-feira, 12 de abril de 2013

" Ah, se tu soubesses como eu sou tão carinhoso..."


Já não me sinto mais o mesmo
 sei que alguma coisa  mudou
 sei que as flores não estão no jardim
 e até parece que a vida acabou...

 Rotina que nos desespera
 faz parecer cada dia igual
 pessoas que passam despercebidas
 não me contam histórias
 e só me deixam mal

 Espero que a minha imaginação
 volte a ser tão bonita
 quanto daquela criança
 que cantava uma bela canção

 Hoje sei que pouco sou
 Ninguém vem me visitar
 e eu choro toda noite
 quando percebo que  estou só

 Peço a Deus um novo amigo
 e quem sabe uma paixão
 a qual me perca em dias
 de carinhos e declarações

 No momento eu só desejo
 só um pouco de atenção
 um amigo bem fiel
 e que não use contra mima minha sensibilidade
 Estou cansado de inexistir
 por causa da minha ingenuidade

quinta-feira, 11 de abril de 2013

O Avulso


 Confesso os lábios teus
 e insulto os meus
 Adoço o seu café
 e esqueço a minha fé

 Te digo a verdade
 mas fugindo da realidade
 E assim sempre vou andando...
 Sem medo da ridicularidade

Sou ridículo,
e um mero buscador de um rabo de saia
dando borda a uma tela em branco
vendo estrelas ao meio dia

Me pego alheio,
Pois, eu não pertenço a ti
Eu não pertenço a você
Eu pertenço a Nós

domingo, 31 de março de 2013

Uma canção pós masturbação


É tortura
 Inutilidade a distância
 Sonho bom de uma criança pobre

 Se soubesse o quanto penso em você
 com o meu coração
 Se notasse o quanto te observo
 de tão longe e de aparentar
 ser tão interessante,
 afim de despertar o meu cavalheirismo
 e querer me ver bem longe da solidão

 Poderia contá-la sobre todas as minhas dores
 essa que lateja e me afasta do daimon
 ou de apontar de uma vez por todas
 quem são os meus verdadeiros amigos,
 em paz eu ficaria, e plenamente existiria
 na certeza de que poucos são felizes

terça-feira, 12 de março de 2013

There Is a Light That Never Goes Out II


 Será que a nossa representação é apenas física?
 Será que por acaso não estamos sonhando?
 ou que apenas o movimento, o antagônico
 é correspondente ao ser como ele mesmo?

 Tem sido uma aporia
 uma aporia que sem ela
 não sobraria nem o pó do que realmente é
 é,  mesmo não sendo, e não podendo não ser

 Me pego nesse sentimento estranho
 de querer morrer todo dia
 como se esse evento fosse mais especial
 do que o dia do meu aniversário

Caminho, entrego a minha noção de existência
para um mar que é fabuloso e ao mesmo tempo racional
É mágico, mesmo que parando pra pensar
é apenas o movimento da naturalidade

A ti entrego-te
contigo caminho de mãos dadas
mesmo em divergências
entrelace os seus dedos com os meus
e venha em direção a essa luz que nunca se apaga

domingo, 24 de fevereiro de 2013


 É dor que se colhe
 no sol sangue-suga
que lhe racha a pele
e faz escorrer um suor vermelho

São todos dráculas
e seguidores do aparentar
e desperdiçadores do ser

Mas, devemos acreditar na cura
que se descobre quando não lembrada
da doença que foi tratada
e por fim, irá apaziguar a nossa mente atormentada
a nossa alma sem reforma
o nosso ser fronteiro
as nossas mãos pregadas apenas com grampos

Que nos encoraje e jamais desafine a voz
que quer gritar
que quer chorar sem soluçar

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Pra você guardei os versos mais belos do ano


 O teu sorriso deu vida as flores da sala
 fez nascer botões nas plantas do quintal
 e também fez nascer a dama da noite,
 na nossa única noite

 Aquele seu abraço afastou todo o mau espírito
 me fez emagrecer e a parar de beber
 arrancou de mim todo o sentimento de inutilidade
 e me fez ver a cada grão de feijão um motivo de felicidade

 Seu perfume de outro Estado
 trouxe pra mim um aroma de sândalo
 aquele  que me lembrou a infância
 e me fez correr pelo jardim que há tempos estava abandonado

 Fomos embora de mãos dadas
 e hoje só existe para mim um único motivo
 para eu me dar por feliz

 Quero lhe acompanhar em cada pensamento
 te acolher no meu humilde leito
 Faça de mim o que bem entender
 apenas não me deixe só, como se fosse uma flor triste

 Eres o vinho do triste vampiro
 O leito do pobre desabrigado
 e o carinho do inútil abandonado

 É o helianto do quintal de uma criança
 e pode ser clichê
 mas, eres o canto do pássaro que desperta
 a manhã daquele que quer ser feliz

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A Dama das Estações


 As pessoas me mastigam e me engolem
 como se fosse uma comida ruim
 Me traem as lembranças, tudo que fiz
 por um mísero maço de cigarros

 É difícil deixar tudo pra trás
 não voltar a tomar aquela bebida que tanto odeio
 quanto mais ainda
 aceitar aquilo que passou
 e abrir as portas para o que virá
 Me tranco, me isolo, não me deixo ser

 Assisto filmes querendo ser personagens
 filmes em que a tristeza parece alegria
 quero qualquer infelicidade, menos a minha

 Ó Sevérine, me deixe tocá-la mais uma vez
 me apunhale mais com esses seios afiados
 só que não me deixe só
 neste inverno e inferno que virá

 São todos vampiros que sugam a felicidade
 Belle de Jour foi apenas um sonho bem pago
 Vista-se, vá pra casa e depois...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Silenciosos e Imprecisos



 Eu me perco em memórias
 de um dia aonde os pássaros não tinham medo de voar
 São devaneios que me tiram por alguns minutos deste inferno

 Juro que faço por onde mudar
 Dia após dia, eu procuro ir em frente
 como naquela música
 Mas, tem sempre algo que me prende
 que me arranca a esperança
 e o amor pela vida
 Mantendo em gavetas todos os planos de um dia bom

 Confesso que estive por muito tempo perdido
 nas crenças de ter alguém para cuidar
 e pouco me movi, pouco procurei plantar
 para hoje ter o que colher
 Tudo fiz pela metade!

 Ás vezes quero trancar as portas
 ligar o gás e procurar em outro lugar
 uma vida digna para se viver
 Longe da dependência humana
 Longe de lembranças e sentimentos inocentes

 Hoje já não quero mais te ver
 e sim, me encontrar
 

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013


 Talvez aquele garoto esteja esperando muito, sem nem sequer viver. O seu problema na verdade, é não se permitir viver, vive procrastinando a própria vida, e não deixa nada acontecer.
 Pouco sai de casa, diz sim, mas a sua atitude é sempre um não. Não comparece aos encontros. Não procura um emprego. Não busca o conhecimento. Deseja muito, mas não faz nada para ter. As vezes, parece que tem algo que o deixa amarrado na cama, talvez sejam cordas invisíveis. Seu melhor amigo é o pessimismo.
 Este garoto é visto todos os domingos na missa, não falta um sequer, está lá em busca de uma boa semana, quase não presta atenção no que é dito pelo padre, o mesmo pouco se identifica com essa coisa de "participar da comunidade", é sempre um discurso feito pelo padre.
 A sua timidez é tão grande, que não larga do celular, é pra desfarçar o quanto se sente deslocado, então fica jogando aqueles joguinhos bestas de bolinha nos cantos da festa, da escola.

Mas, ele vive e espera o amor de sua vida. Sente muitas saudades de coisas passadas, e morre de pressa para que chegue logo o futuro. O garoto morre de curiosidade de saber qual é o seu lugar.