sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Você faz parte da minha saudade!


Tudo o que está em nós se transforma, somos condenados e, ao mesmo tempo, agraciados pela impermanência. Veja você e eu, o Nós, a cada dia se entrelaçando no nosso separamento. Ainda que haja reencarnação, não teremos a chance de sermos como éramos antes: tomara que sejamos melhores!
Houve um tempo que tu não saias de minha cabeça, você havia se tornado um adjetivo para todas as coisas boas que podia contemplar. Cada costura elencava-se às cordas da ponte que eu tentei construir  para chegar até a ti, A ponte ergueu-se a sós, não é sempre que somos responsáveis, integralmente compromissados. Talvez a vida foi feita para devolver somente aquilo que somos, não o que éramos. Reaproveitamos o que construímos da ponte e, ao invés de sermos um do outro, aquilo que não estava terminado fez-se alicerce para afirmarmos a nossa própria estrutura. Fizemos do nosso amor, um amor próprio!

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Meu coração tornou-se
Um antro de cortejos
Um recipiente de sorrisos
Um dia eterno de saudade

Coração, na verdade é dois
Cada parte é uma metade
Cada ato é uma calma
Cada livro um ontem para hoje

Quanto mais seu
Meu coração se torna meu
Eu sou, não você
Mas contigo




       O melhor ser humano constitui-se através das ausências dos presentes passados, do inconcebível e estruturador não retorno. O homem está condenado a agir em nome das suas perdas, o bom e o belo é, portanto, constituído de emboras e adeuses; apenas aquilo que se vai tem a capacidade de revigorar: estamos indo o tempo inteiro. Nós somos aquilo que duramente perdemos, e é tolice querer que seja de outro modo. Sêneca já nos alertava: "Não queira que o que acontece, aconteça de um modo diferente do que da forma que acontece, e serás feliz". Um erro só pode ser revertido na medida que erramos, e nos orgulhamos por um dia ter errado, independente do custo a se pagar. Tendemos a olhar para trás, nos defrontes dos medos engavetados, percebermos o agora que estamos perdendo e notarmos que tal percepção nos torna melhores, no paradoxo da negatividade.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Para o dia dos namorados

        Os antigos diziam que todo mundo já nascia namorando: as genitálias eram encaixadas umas nas outras, proporcionando um prazer recorrente e imensurável. Eles acreditavam num período cuja felicidade afetiva não precisava ser buscada. Até que Zeus, por sua inveja, dividiu os seres fincados e inventou a crença no acaso.
            É dolorosa a narrativa do desvencilhar da gente, no apunhalo na garganta quando toca na rádio a música da Adriana Calcanhoto, Metade. Quem se sente sozinho, se sente do avesso, o nosso quarto nos vomita. O mundo deixa de ser a casa certa.
            Os dedos foram feitos para se entrelaçarem nas esquinas da existência, apaixonar-se é fazer de tudo para ser andrógeno novamente. Sim, aqueles que nasceram namorando e tendo o prazer recorrente como um momento do instinto, tinham o nome de andrógenas: eram quantos e quem quisessem ser na eternidade de seus prazeres. A individualidade destes seres unos vivia na comunidade do amor.

            A separação para os antigos, o término de um relacionamento afetivo não significava nada mais do que uma advertência à busca, Há um movimento erótico que gera perguntas, o Eros voa na busca da Psique, nos expõe a quantas relações forem necessárias, até que o prazer imensurável e real volte a manifestar-se. Este deus ensina que a alma é uma partilha. Namora aquele que é feliz ao partilhar a sua alma com o outro. 

domingo, 29 de maio de 2016

Eu olho teus olhos
Que têm formato de lábios
Ouço a sua voz
Com som de penetração
Interpreto o seu aperto de mão
Como unhas arranhando as minhas costas:
A atração nos engana

Quando foi que o pecado
Tornou-se uma virtude?
Você é a expansão
Da minha embriaguez
Não quero jamais
Que minhas palavras sejam vômitos
Me calo para manter o teu chão limpo


sábado, 28 de maio de 2016

Era simples, e eu fiz do simples algo não notável aos meus olhos e meus sentimentos: pago por esses pecados até os dias de hoje. Sinto tantas saudades dos meses em que era você que me acompanhava aos bares, que não fazia sentido estar embriagado. Sim, eu sei, passou-se muito tempo e você está muito feliz na onde está. Mas o que eu poderia fazer para ser tão feliz como você? Onde foi que aprendeu a seguir em frente?
Tenho meus amigos, muitos seguiram suas vidas e tornaram-se distantes, mas eu sei que ainda os tenho. Consegui o que eu queria na faculdade, conclui o meu Trabalho de Conclusão de Curso com nota máxima e reverência dos professores, chamaram-me de filósofo. Viajei para alguns lugares. Conheci diversas pessoas, algumas se apaixonaram e mantém tal sentimento até os dias de hoje. Só que um pecado nos acompanha, ele não vai embora enquanto não substituímos a culpa em nome do arrependimento. Os pensamentos, as lembranças, as mágoas, os rancores, as tristezas, as faltas e as culpas invadem a minha mente com demasiada frieza. Minha consciência tenta combatê-los diariamente: eu queria te dizer muitas coisas. Ao mesmo tempo sei que dizer não modificará coisa alguma, porém uma palavra lacrada na garganta é uma náusea espiritual. Este dia, o de dizer o que gostaria, chegará, espero que eu esteja melhor do que hoje!

Meu pensamento se volta á vontade de conhecer um alguém diferente, sem tantos problemas e impedimentos. Alguém inimaginável, de um outro lugar! Assim poderei esquecê-la em definitivo, meu pensamento aceitará a sua felicidade bem longe de mim, e por fim trará à tona a santa justificativa da errância, cujo o nome é aprendizagem. Que você continue feliz! Tenho em mim a culpa, e o desejo pela reversão das minhas mancadas, reconheço que a reversão é o seu estado atual de felicidade e realização.
Admiro a sua família, sua capacidade para fazer amigos e ser bem recebida onde pisa. Não me permiti aprender contigo a ser simpático, receptivo, continuo tendo imensuráveis problemas com a timidez, a arrogância e o mau humor. Definitivamente, quero aprender a sorrir!

domingo, 22 de maio de 2016

A minha vida anda parada, sem grandes acontecimentos. Vejo muitos dos meus amigos, felizes em seus relacionamentos ou esforçando-se para que as coisas deem certo, e eu cada vez mais me arrependendo de coisas que tenho feito.
Eu estou desempregado, por motivos muito óbvios e vagabundos: preguiça de encarar o Mercado de Trabalho e conviver com as pessoas por obrigatoriedade. Gostaria de lecionar Filosofia em alguma escola, mas o Governo do Estado suspendeu as contratações, não há nenhuma previsão. Minha mãe não aguenta mais me ver em casa, parado, sem dinheiro e sem vontade de fazer quase nada; a minha fadiga é uma coisa metafórica. Isso resulta em indisponibilidade para fazer a maioria das coisas que gostaria de fazer: morro de saudades de ver pessoas diferentes, poder marcar encontros sem me preocupar.
Ainda não superei um relacionamento que acabou há quase dois anos, sinto-me cheio de mágoas e com uma série de coisas que gostaria de dizer a respeito para uma pessoa específica. Dói muito perceber-se parado no tempo, enquanto a pessoa que se tornou objeto de muitos maus pensamentos, provavelmente viva feliz nos braços de um outro alguém. Isso ocorre porque tenho que vê-la inevitavelmente ao redor dos corredores da faculdade, o que me faz muito mal e me torna deslocado: apesar de saber que estar por lá é um direito de ambos. Bato a minha cabeça pelos erros que cometi, essa é uma grande verdade, porém confesso que não consigo afirmar ter aprendido alguma coisa. A minha mente trabalha como se eu tivesse que provar alguma coisa para ela, todavia eu sei que não há nada o que ser provado. Errei muito, isso é verdade, só que ela gostou muito de cooperar com a deterioração da minha autoestima, dizendo que eu era gordo, anti-social, desagradável e me contando a respeito das pessoas que afirmavam que ela não tinha nada a ver comigo.
Muitas coisas melhorariam caso eu começasse a aderir hábitos, ser mais organizado e atencioso, por exemplo. Mas eu não consigo acreditar que EU mesmo devo ser a motivação para tudo isso, sinto-me insignificante demais, apesar da insignificância ser a realidade de qualquer indivíduo humano. Assim como na música de Belchior, sou um amante do passado e não reconheço que o novo sempre vence!

Quero passar por uma mudança grande: conhecer novas pessoas, novos lugares, ter uma rotina nova. Como fazer com que esse desejo seja maior do que as minhas vitimizações? O que eu poderia fazer para aceitar o que passou e o que virá?
Penso em parar de beber! Sei que o álcool me leva a pensamentos e atitudes demasiadamente prejudiciais a aquilo que quero de mim! Como afastar tal desejo?
Sinto necessitar de um amor, destes que corram feito um vento e passem pela fronte como uma briza morna frente ao mar. Um amor que faça parecer os amores do passado períodos de miséria, onde eu ainda não sabia o que era carinho. Quero escrever poesias para esse alguém que, infelizmente, ainda não tenho certeza se virá e se mereço. Um alguém que me faça sentir vergonha e arrependimento de todas as máscaras horrendas que experimentei diante do espelho. Que me ajude a ser melhor do que sou!

A minha fé no Senhor enfraqueceu-se, entrego-me a dias de instigação pecaminosa. Mas ainda sei que Deus faz-se presente em mim, e quero uma direção para que eu me permita sentir sua condução à redenção de minha existência! Quero um coração melhor do que tenho, um coração igual ao de Deus!