São tantas cartas guardadas
Tantas poesias escritas
empoeirando no quarto escuro
Uma maldita saudade incorrespondida
Um anjo caído em São Paulo num dia de inverno
Um beijo indesejado por medo da solidão
Uma faca cortando os pulsos de uma criança
É tão tosco como nos flajelamos
por algo que jamais vai existir
Nem fé, nem amor e nem cura
Apenas a continuidade de uma rotina
o cansaço e o clichê da televisão
Não adianta comprar vinho
pra se embriagar no amanhecer
a tristeza não vai embora
e o diabo vai sempre te dizer o que fazer
como morrer, como esquecer
o quão felizes podemos ser
Sonhamos com nossos corpos
abraçados em meio a multidão
Nossas linguas molhadas
entrelaçando na escuridão
É impossível esperar por algo bom
a campainha toca, o carteiro traz um pacote
abre e se depara com um caixão
Nada mais, nada menos
do que a entrega dos seus coelhos brancos e mortos
Nenhum comentário:
Postar um comentário