sábado, 29 de dezembro de 2012
Por isso me recuso, a deixar-te partir assim feito poeira nos bancos quando a chuva vem, e canta o seu desespero.
Ano que vem irá completar três anos que eu criei o "Poesia do Horror". Me lembro bem que criei este blog com a finalidade de desabafar os problemas que eu estava passando na época, e também divulgar as poesias que eu escrevia em sala de aula ou pela madrugada de tédio. Muitas coisas mudaram de lá pra cá, aqueles problemas, toda aquela depressão, fantasmas, medo do futuro e até mesmo medo do presente foram superados com o maior sucesso, e devo agradecer isto aos meus grandes amigos que fui conquistando ao ir vivendo e morrendo na cidade, a minha mãe que com a sua positividade e pouco sutileza me deu forças para seguir em frente e enfrentar os meus dragões embriagados, e mesmo muitas vezes transparecendo que eu não acredite, tenho muito para agradecer a Deus, que por linhas tortas, por montanhas cansativas, sempre me mostrou que se pode ser feliz em um novo lugar e com outras pessoas.
Tenho um apego muito grande por este blog, não faço ideia de quem o lê, e as vezes tenho a impressão que nunca é acompanhado por ninguém. Mas, a minha história, as minhas obras, os meus devaneios, as minhas paixões, minhas musas inspiradoras e canções prediletas sempre foram coladas bem aos poucos por aqui. Pode até mesmo ser considerado como uma espécie de diário poético.
Aproveitando, irei fazer uma retrospectiva de como foi o ano de 2012 para mim.
Começou de maneira bem cômoda, lembro-me muito bem da primeira semana de Janeiro, eu caminhava pelo Parque da Vila dos Remédios com a camiseta do Alien Sex Fiend, era verão e a natureza me cortejava com cada folha. Naqueles dias tinha um relacionamento muito sério com uma garota, que comparado aos meus outros relacionamentos, até que morava próxima de mim, então sempre nos encontrávamos, nos beijávamos e fazíamos promessas bem juvenis. Mantinha um forte contato com os meus amigos presentes em 2011.
Em fevereiro, eu pude sentir a mudança, tendo como início uma doce emoção, uma grande amiga veio de muito longe para me visitar no dia do meu aniversário, lembro-me que fui buscá-la na Estação Tietê, que dia lindo foi aquele, 03/02/2012 mais ou menos ás 08:00, um lindo sorriso desceu do ônibus da Viação Itapemirim que tinha acabado de chegar do Interior de Minas Gerais, Espera Feliz. De tão lindo, me doeu e me tornou seco e melancólico ao dirigir a palavra a tão esperada pessoa, e percebia que a mesma tinha o mesmo sentimento. A recebi com um um forte abraço (não pude deixar de levantá-la) e recolhi a sua bagagem, pegamos um trem sentido a Sé, e caminhamos pelas ruas do centro velho de São Paulo desabafando pedaços de nossas vidas, coisas que compartilhávamos com uma distância de aproximadamente 12 horas. Sim, aquilo finalmente estava acontecendo, de uma maneira a qual idealizava durante quase dois anos. Não queria mais nada, apenas aproveitar aqueles dois dias com a minha grande amiga, que com todo prazer pronuncio o seu nome, Marina.
Chegamos em casa, apresentei a mesma a minha casa, deixamos sua mala num canto da sala, e saímos para a mesma conhecer o bairro em que eu moro, nunca achei esse lugar bonito, mas neste dia parecia o imenso jardim que aparece a cada sonho bom de uma criança, o sol não era atormentador, era radiante de felicidade, era o tapete dos lindos anjos, e o céu estava incrivelmente azul, mas ainda assim não conseguia entender aquele meu sentimento de melancolia, talvez fossem as 24 horas sem dormir. Voltamos para casa, e ao chegar no portão entramos abraçados, eu a disse:
- Fico tão feliz que você tenha vindo de tão longe só para o meu aniversário!
a mesma disse:
- É o amor!
Trocamos de roupa, e fomos para um parque que tem num bairro próximo,e falando sobre qualquer coisa. Eu ficava impressionado de quantos olhares se direcionavam para a minha amiga, definitivamente é uma beleza que estava muito distante da cidade de São Paulo, apenas em um lugar tão longe poderia se ver pessoa tão bonita.
Chegamos ao Parque Vila dos Remédios, nos sentamos em frente a um lago que tinha vários patos e acendemos nossos cigarros, era um cigarro vagabundo, Derby, mas foi o melhor Derby que fumei em toda a minha vida, olhando de longe parecíamos personagens de filme inglês, sentados num parque em um dia de sol, eu com a minha velha camiseta do Sonic Youth, e Marina com o seu vestido florido. Falamos sobre coisas da vida, como tanto esperávamos, em um momento daquele definitivamente me senti verdadeiro, e não conseguia parar de dizer (de uma forma seca) que eu estava feliz por aquilo tudo, e a mesma sempre retribuía. Nunca em toda minha vida, tinha sentido uma reciprocidade tão forte. E assim foram se passando os dias, e como bons amigos até brigamos, rs.
Até que chegou a hora de direcioná-la a Rodoviária, acordei tão mal naquele domingo, dia 05/02/2012, que nem tinha conseguido almoçar. Minha desculpa era a ressaca, mas na verdade é que eu estava triste pela minha melhor amiga estar indo embora para tão longe novamente, parecia que eu tinha feito um pedido para um feiticeiro, em pedir para passar dois dias com a pessoa que eu mais gostava depois da minha mãe. Nem minha namorada, que me via tantas vezes pela semana era tão querida quanto essa pessoa. Que me ensinou tanto em poucos dias, e mostrou para mim, que neste lugar, nesta vida, só temos resíduos de felicidade, são dois dias bons para 363 dias que se vive por apenas estar vivo.
" [...] é só você que me provoca essa saudade vazia, tentando pintar essas flores com o nome de AMOR PERFEITO, e NÃO TE ESQUEÇAS DE MIM"
"[...] juramos ser felizes, corremos de mãos dadas, esquecemos tudo enfim que nunca nos disse nada. Ouvir teu nome foi tão completo quanto o fim, e agora que a dor voltou, o que será de mim?"
E os dias passaram a serem como outros dias quaisquer, no dia 06/02/2012 fui para a Escola, e logo fui apresentado ao verdadeiro inferno. Não, eu não consegui me enturmar com nenhum daqueles sujeitos hipócritas. Para piorar a minha situação em tal imundice, tive que me deparar com dedos fedidos de pessoas tão inúteis, as quais por muito tempo nem sequer me lembrava de sua existência. Naquele dia, eu percebi que estava pagando muito caro pela minha falta de dedicação ao estudo no ano de 2011.
Apesar dos pesares, tive um grande reconhecimento pelos professores que lá davam aula, sempre me elogiavam colocando em pauta as minhas ideias revolucionárias, tive até a oportunidade de realizar alguns trabalhos para me descobrir um pouco mais, e logo percebi que o curso que queria prestar, era o de História. Mas, mesmo assim, eu faltava muito, sempre sendo chamado atenção por faltas que davam como consequência notas muito baixas, juro que eu tentava ir todos os dias, mas tinham vezes que era impossível me despertar de um sonho de criança, e ir para uma prisão com generais de salto alto. Passou diversas vezes pela minha cabeça cometer um terrorismo contra aquele lugar. Realizar o sequestro da maldita coordenadora pedagoga, e lavar o meu corpo com o sangue daquela reacionária. Fazer a inexistência daquela instituição que emburrecia e conduzia a cada dia os alunos para o proletariado.
" Nas escolas você aprende que o seu destino já está traçado. Pois querem os transformar em cordeirinhos domesticados prontos para serem transformados em operários escravizados"
Muitas outras coisas aconteceram no ano de 2012. Muitas ilusões e desilusões. Mas, foi o ano em que eu descobri que nossos verdadeiros amigos são muito poucos, e que estes por causa do destino mesmo, não podem ser tão presentes em nossas vidas.
Claro, não deixei de ter sido um mal para alguém neste ano, parti muitos corações, só que também conseguiram fazer do meu em mil pedaços, e agora procuro os cacos nos cantos da casa.
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