Com bandas do gênero
agressivo e rápido, o Hardcore, jovens expressam a sua raiva contra a opressão
e repressão do sistema pseudodemocrático cujo o modelo econômico é o
Capitalismo. Geralmente, são músicas que duram não mais do que dois minutos,
mas que marcaram toda uma geração amordaça. Logo, o Punk surgiu para subverter
a ordem que sempre existiu na música, inclusive no Rock N’Roll.
Marcado por ser a
música dos jovens rebeldes da década de 50 e 60, o Rock ainda não era o
suficiente para ser feito por pobres e de pouca formação musical. Com os
clássicos da psicodelia como: “Pink Floyd”, Uriah Heep”, “Kansas”, ”Cream”,
“Deep Purple” e “Jimi Hendrix” notamos o quão complicado
eram as músicas para serem tocadas, e também o padrão social em que essas bandas
viviam. Bandas que até nos tempos atuais são capazes de lotar estádios, e que
os ingressos são extremamente caros, tirando a possibilidade até mesmo dos
jovens conhecerem os seus próprios ídolos.
O Punk Rock tem como referência de surgimento o ano de
1977 em países como Inglaterra e Estados Unidos, mas músicas de bandas como
“New York Dolls, “Dust”, “The Stoogees” e etc, influenciaram no gênero, por
serem rápidas, muito fáceis de serem tocadas, caracterizadas pelos
integrantes utilizarem em demasia
“drogas ilícitas”, e também por se vestirem de forma que saísse do padrão
sexual e moral da época, assim o Punk Rock passou a ser rotulado como música de
jovens que se vestiam de caráter “sujo”. Até então, a política e a ideia de um
movimento que denunciasse o preconceito em relação aqueles jovens que
faziam absolutamente o que tinham
vontade, ainda não era discutido, então, o Punk era apenas uma tribo-urbana sem
fins políticos.
Mas, uma verdadeira
obra de arte estava por vir, em mais ou menos 1978 um grupo de Punk qualquer
lança o seu primeiro e único EP, com o nome de “Never Mind The Bullocks”, a
banda se chamava Sex Pistols. As letras deste disco fazia uma forte crítica a
Monarquia de revista que era a Inglaterra,
como “God Save the Queen” e “Anarchy In The U.K”. Graças a estes hinos,
o Punk tomou um rumo diferente e passou a ser visto como uma característica na
história da Inglaterra, e também passou a ser
tido como um “Movimento Político”, pois a juventude se identificou (mesmo o Sex Pistols sendo uma banda com fins
lucrativos) e logo foram surgindo bandas
com temáticas muito mais diretas e mais aceitas do que o próprio Sex
Pistols, pois anos mais tardes a banda foi tida como “traidora”, e nisto nasce
a “cena independente” afim de fazer da música algo extremamente político e de
posição anarquista, e sem a necessidade de ter uma formação musical ou
acadêmica.
No Brasil não foi diferente, em especial nas cidades de
Curitiba, São Paulo e Brasília. Jovens compravam discos importados como: “ New
Rose – The Damned”, “Never Mind The Bullocks-Sex Pistols”, “ London Calling –
The Clash”, e ao mesmo tempo liam obras de autores, filósofos e cientistas para
fundamentar vossas posições políticas, mesmo muitos dizendo que naquela época
as pessoas não tinham muito embasamento político. Em Brasília por exemplo, mesmo muitos dos
punks sendo de famílias de classe média, defendiam com unhas e dentes o
anarquismo, e um desses jovens era Renato Russo, o mesmo era tido como
referência para estes jovens em questão musicais, políticas e literárias,
apresentava para todos eles discos e livros, além disso era o mais velho dentre
todos eles. Renato Russo, também tinha uma banda de Punk Rock, o nome era “Aborto
Elétrico”, uma expressão raivosa contra a ditadura e o moralismo que acontecia
na década de 70, principalmente em São Paulo e Brasília. Obviamente as músicas
do Aborto Elétrico falavam da repressão
policial, da burguesia e os padrões que tinham que ser seguidos principalmente
por muitos deles serem filhos de militares ou diplomatas, músicas como “Fátima”,
“Veraneio Vascaína”, “Que País é Esse?” e “ Geração Coca-Cola”.
Nos subúrbios do
Estado de São Paulo, as bandas eram ainda mais raivosas e muito próximas do
movimento artístico e filosófico, o “dadaísmo”. A maioria dos jovens punks eram
de classe baixa e trabalhavam como office-boys em pequenas e grandes empresas,
alguns já estavam com o seu destino traçado, seriam para todo o sempre “proletários”
de fábricas, e nisto eram filiados a sindicatos de orientação trotskistas, e em
plena ditadura e censura, esse tipo de envolvimento com a esquerda e de forma
tão direta era simplesmente estufar os peitos para os batalhões da PM.
As principais bandas de São Paulo, era “ Restos de Nada”, “Garotos
Podres”, “Hino Mortal”, “Olho Seco”, “Inocentes”, “DZK”, “Cólera” e “Ratos de
Porão”, todas com letras para os ouvintes, até mesmo “roqueiros”, eram imundas assim como os integrantes das
bandas e admiradores da música (os punks). O Punk, ficou conhecido em São
Paulo, então, como “Expressionista da Poesia dos Subúrbios”.
Hoje, no século XXI, a luta pelo ideal anarquista e a união
antifascista dos punks permanece pelas ruas. Em todos os lugares vemos pichações
de coletivos de extrema-esquerda, todos influenciados pelo Hardcore e pelo Punk Rock. Vemos andando
pelas ruas do Centro, jovens com seus moicanos erguidos e suas jaquetas com
frases de impacto esquerdista, com caráter intelectual ou palavras rudes. E há
quem diga, que o punk pode ser comparado a aids, pois só deixa de existir após
a morte.
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