terça-feira, 30 de outubro de 2012


 Sinto que está tudo bagunçado, fora do seu lugar, da sua ordem e da sua conveniência. Aqueles que eu gostaria que ficassem aqui pra sempre, estão indo embora aos poucos. Aqueles que eu não queria ver nunca mais, tinha escrito textos dizendo "adeus",  estão voltando. E a vida acaba sendo o tempo todo essa coisa contraditória e infernal.
 Mais um ano está se acabando. Mais um ano sem algum feito "plausível", desenterrando a cada dia aquele "loser" que vive dentro de mim. Mais um ano sem alguém para desabafar os sentimentos, encher de beijos, escrever cartas, poesias e mostar novas músicas. Mais um ano em que a solidão tem me mostrado os seus golpes picarescos.

 " Você tem que fazer a barba. Colocar roupas limpas. Sair para procurar um emprego. Passar de ano. Tentar uma faculdade. Arrumar uma namorada. Parar de ouvir músicas depressivas. Esquecer o que se aprendeu nos livros e nos discos. Correr atrás dos seus sonhos. Telefonar pro seu irmão. Telefonar pro seu pai. Ir visitar o seu sobrinho. Ir visitar a sua avó. Emagrecer. Tomar um sol. Praticar algum esporte. Ir pro Muay Thai. Telefonar para os seus amigos. Pedir desculpas. Correr atrás. Parar de ser você".

 São estas cobranças que me matam, me deixam pertubado. Queria sim encontrar alguém que me faça acreditar de que a vida valha a pena, afinal, a maioria dos dias da minha semana ou dos meses, ou dos anos são completamente irrelevantes. Fico observando aquele povo escroto da escola, mau-vestido, mau-perfumado, mau-vivido, mau-amado, todavia sempre com um sorriso no rosto. Por que diabos estes demônios sorriem? não há motivo algum pra ter tanta felicidade. Não existe inteligência e noção de vida naqueles porcos. São sorrisos falsos. Sorriem por causa da migalha que é distruibuida e rotulada como "ensino", e pelos míseros vinte minutos de intervalo pra ficar com seus "amigos".  É impossível ser feliz ou sorrir tendo uma história de vida tão miserável, afinal pelo menos pra mim  foram 11 anos sendo massacrado e obrigado a sentar e calar a boca.

domingo, 28 de outubro de 2012

Tão decadente, e tanto faz...

'' Tem vezes que os dias passam devagar...
   Você age como se estivesse drogado
   Anda pelas ruas, sem o menor sentido
   Gasta toda a sua energia
   Disperdiça o seu entusiasmo
   Isto ocorre praticamente o dia inteiro

  A vida ultimamente tem sido como uma tentação
  Sente-se mal ao estar no cemitério
  O cheiro de corpos com mais de cem anos, torna-se insuportável
  Mas mesmo assim, você volta para lá, querendo ou não
  Torna-se um viciado naquele cheiro
  Que entope o seu nariz e tira sangue de sua garganta

  Na verdade, só alguns meses se passaram
  A barba está só um pouco falhada
  Os dentes tem sido escovados
  Não tenho tanto cabelo assim, para pentear
  
  E a sede?
  E a fome?
  A gente mata com aquilo que não aconteceu
  Ou com arranhões indesejados

  Encontramos um jeito de suportar o sol
  Somos semi-vampiros com o desejo de sentir
  Apenas flores viciadas
  com medo de serem regadas".
 



3 de fevereiro


 Já fazem quase nove meses
 de que os dias deixaram de ser perfeitos
 o sol apenas aquece o meu corpo
 mas, faz da minha alma um gelo

 Ainda tenho coisas pra te dizer
 histórias para lhe contar
 sabe, eu passei por alguns amores
 só que aquela coisa meia vazia
 sentia falta de algo
 sentia falta de você

 Mas, eu continuo aqui
 vivendo um outubro vermelho
 com os mesmo amigos
 as mesmas músicas
 e as mesmas poesias
 Quando vem,  para nós ouvirmos novamente aqueles discos?

 Entre muitos amores
 nenhum pude chamar de amizade
 não quis mais nada além de beijos
 declarações e abraços
 Agora do seu caminho
 basta um aperto de mão
 e posso me dar por feliz

 Por hoje eu sorrio
 pra trazer paz e um pouco de sorte
 sei que estás tão longe
 mas, torço para que realmente exista um Deus
 para me trazer de volta os bons amigos
 e afastar os reciclados

domingo, 14 de outubro de 2012



 Sem crenças de um sol
 que não atormente
 e de um frio
 com alguém que me esquente


 Se o problema é o outro
 me desfaço de todos
 mas, não posso me doar

 A solidão
 em seus infernos
 até que nos aproxima do céu
 mas, quando bate a saudade
 alguém com um whiskey
 um rum, um charuto
 vem me visitar
 E isto não é nada bom

 Quando se tem felicidade
 não a buscamos em nada material
 ou químico
 Se nós a temos
 conseguimos enchergá-la nas flores
 dançando valsa  no vento
 cantando nossa música favorita
 tendo como instrumento
 o barulho da chuva
 Pois, para quem é feliz
 a natureza já nos basta

quinta-feira, 11 de outubro de 2012



 Eu acordo tarde
 Durmo tarde
 mas, começo a viver cedo
 Estranha forma de sentir prazer
 (só que não)

 Não há tempo melhor
 para começar a beijar
 a amar e a transar
 quando se é um mero garoto
  Na verdade, não há nada melhor
  do que ser um garoto
  pois, a idade veta muitas das preocupações
  tendo tempo somente para AMAR!

 Não cresci escrevendo poesia
 para comer meninas
 para mostrar pra professora
 e muito menos para ser FA-MO-SO
 E sim pra colocar em versos
 sem sentido algum
 todo desabafo de como é prazerosa essa dor
 de ser feliz, e como cura da doença
 ser infeliz

 Meus caros, vão todos se foder
 e se virem tal escrita em algum livro
 fanzine ou folheto
 por favor, rasguem
 e deixem que o vento leve cada verso




domingo, 7 de outubro de 2012


 Um grito guardado para a Revolução
 Uma cabeça sangrando de tanto guerrilhar
 e pensar e se torturar com a triste verdade humana

 A cada passo desta guerra
 e cada bala disparada contra o inimigo
 é uma lágrima que escorre das pálpebras
 causada pela mordaça do calor das fábricas

 Somos todos frutos
 de uma desgraça histórica
 Enganados a cada propaganda
 feita pelos porcos da televisão
 que bem no fundo
 fazem um apelo para não serem bombardeados

 Você que tem medo da guerra
 Você que é tão hipócrita
 e justifica isso com pacifismo
 também é um grande colaborador
 para o sustento dos chiqueiros

 Mas, um sonho de Liberdade
 ainda se passa nas caminhadas desse sol tortuador
 E o ódio que nos faz estrassalhar aos reacionários patriotas
 é mais sangrento e vitorioso
 do que os gritos de votos
 dados pelos parasitas

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

"Agora, mais do que nunca: TOSCO TILL DEATH".



  Com bandas do gênero agressivo e rápido, o Hardcore, jovens expressam a sua raiva contra a opressão e repressão do sistema pseudodemocrático cujo o modelo econômico é o Capitalismo. Geralmente, são músicas que duram não mais do que dois minutos, mas que marcaram toda uma geração amordaça. Logo, o Punk surgiu para subverter a ordem que sempre existiu na música, inclusive no Rock N’Roll. 

 Marcado por ser a música dos jovens rebeldes da década de 50 e 60, o Rock ainda não era o suficiente para ser feito por pobres e de pouca formação musical. Com os clássicos da psicodelia como: “Pink Floyd”, Uriah Heep”, “Kansas”, ”Cream”, “Deep Purple”  e  “Jimi Hendrix” notamos o quão complicado eram  as músicas para serem  tocadas,  e também o padrão social em que essas bandas viviam. Bandas que até nos tempos atuais são capazes de lotar estádios, e que os ingressos são extremamente caros, tirando a possibilidade até mesmo dos jovens conhecerem os seus próprios ídolos.

 O Punk Rock  tem como referência de surgimento o ano de 1977 em países como Inglaterra e Estados Unidos, mas músicas de bandas como “New York Dolls, “Dust”, “The Stoogees” e etc, influenciaram no gênero, por serem rápidas, muito fáceis de serem tocadas, caracterizadas pelos integrantes  utilizarem em demasia “drogas ilícitas”, e também por se vestirem de forma que saísse do padrão sexual e moral da época, assim o Punk Rock passou a ser rotulado como música de jovens que se vestiam de caráter “sujo”. Até então, a política e a ideia de um movimento que denunciasse o preconceito em relação aqueles jovens que faziam  absolutamente o que tinham vontade, ainda não era discutido, então, o Punk era apenas uma tribo-urbana sem fins políticos.

 Mas, uma verdadeira obra de arte estava por vir, em mais ou menos 1978 um grupo de Punk qualquer lança o seu primeiro e único EP, com o nome de “Never Mind The Bullocks”, a banda se chamava Sex Pistols. As letras deste disco fazia uma forte crítica a Monarquia de revista que era a Inglaterra,  como “God Save the Queen” e “Anarchy In The U.K”. Graças a estes hinos, o Punk tomou um rumo diferente e passou a ser visto como uma característica na história da Inglaterra, e também passou a ser  tido como um “Movimento Político”, pois a juventude se identificou  (mesmo o Sex Pistols sendo uma banda com fins lucrativos) e logo foram surgindo bandas  com temáticas muito mais diretas e mais aceitas do que o próprio Sex Pistols, pois anos mais tardes a banda foi tida como “traidora”, e nisto nasce a “cena independente” afim de fazer   da música algo extremamente político e de posição anarquista, e sem a necessidade de ter uma formação musical ou acadêmica.  

No Brasil não foi diferente, em especial nas cidades de Curitiba, São Paulo e Brasília. Jovens compravam discos importados como: “ New Rose – The Damned”, “Never Mind The Bullocks-Sex Pistols”, “ London Calling – The Clash”, e ao mesmo tempo liam obras de autores, filósofos e cientistas para fundamentar vossas posições políticas, mesmo muitos dizendo que naquela época as pessoas não tinham muito embasamento político.  Em Brasília por exemplo, mesmo muitos dos punks sendo de famílias de classe média, defendiam com unhas e dentes o anarquismo, e um desses jovens era Renato Russo, o mesmo era tido como referência para estes jovens em questão musicais, políticas e literárias, apresentava para todos eles discos e livros, além disso era o mais velho dentre todos eles. Renato Russo, também tinha uma banda de Punk Rock, o nome era “Aborto Elétrico”, uma expressão raivosa contra a ditadura e o moralismo que acontecia na década de 70, principalmente em São Paulo e Brasília. Obviamente as músicas do Aborto Elétrico  falavam da repressão policial, da burguesia e os padrões que tinham que ser seguidos principalmente por muitos deles serem filhos de militares ou diplomatas, músicas como “Fátima”, “Veraneio Vascaína”, “Que País é Esse?” e “ Geração Coca-Cola”.

 Nos subúrbios do Estado de São Paulo, as bandas eram ainda mais raivosas e muito próximas do movimento artístico e filosófico, o “dadaísmo”. A maioria dos jovens punks eram de classe baixa e trabalhavam como office-boys em pequenas e grandes empresas, alguns já estavam com o seu destino traçado, seriam para todo o sempre “proletários” de fábricas, e nisto eram filiados a sindicatos de orientação trotskistas, e em plena ditadura e censura, esse tipo de envolvimento com a esquerda e de forma tão direta era simplesmente estufar os peitos para os batalhões da PM. 

As principais bandas de São Paulo, era “ Restos de Nada”, “Garotos Podres”, “Hino Mortal”, “Olho Seco”, “Inocentes”, “DZK”, “Cólera” e “Ratos de Porão”, todas com letras para os ouvintes,  até mesmo “roqueiros”,  eram imundas assim como os integrantes das bandas e admiradores da música (os punks). O Punk, ficou conhecido em São Paulo, então, como “Expressionista da Poesia dos Subúrbios”.

Hoje, no século XXI, a luta pelo ideal anarquista e a união antifascista dos punks permanece pelas ruas. Em todos os lugares vemos pichações de coletivos de extrema-esquerda, todos influenciados  pelo Hardcore e pelo Punk Rock. Vemos andando pelas ruas do Centro, jovens com seus moicanos erguidos e suas jaquetas com frases de impacto esquerdista, com caráter intelectual ou palavras rudes. E há quem diga, que o punk pode ser comparado a aids, pois só deixa de existir após a morte.