sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Meu coração tornou-se
Um antro de cortejos
Um recipiente de sorrisos
Um dia eterno de saudade

Coração, na verdade é dois
Cada parte é uma metade
Cada ato é uma calma
Cada livro um ontem para hoje

Quanto mais seu
Meu coração se torna meu
Eu sou, não você
Mas contigo




       O melhor ser humano constitui-se através das ausências dos presentes passados, do inconcebível e estruturador não retorno. O homem está condenado a agir em nome das suas perdas, o bom e o belo é, portanto, constituído de emboras e adeuses; apenas aquilo que se vai tem a capacidade de revigorar: estamos indo o tempo inteiro. Nós somos aquilo que duramente perdemos, e é tolice querer que seja de outro modo. Sêneca já nos alertava: "Não queira que o que acontece, aconteça de um modo diferente do que da forma que acontece, e serás feliz". Um erro só pode ser revertido na medida que erramos, e nos orgulhamos por um dia ter errado, independente do custo a se pagar. Tendemos a olhar para trás, nos defrontes dos medos engavetados, percebermos o agora que estamos perdendo e notarmos que tal percepção nos torna melhores, no paradoxo da negatividade.