terça-feira, 3 de novembro de 2015

Coloco um terno
Que comprei para um momento especial
Olho-me no espelho
Segurando nas mãos um revolver
E é possível ver o reflexo da cama
Amontoada por inúmeros papéis
Cartas que nunca enviei

O que marca um homem
Talvez seja a sua morte
É na notícia do escritor morto
Que, finalmente, é lido
Buscam vasculhar as causas
No esconderijo dos seus versos
Os homens o leem
Para entender a si mesmos
A morte inspira muita gente

Ponho o revolver na boca
Sinto com a língua
O gosto da ferrugem
Meus dedos tremem
"Se morrer fosse fácil
Todo mundo suicidava-se"
É preciso coragem
Para puxar o gatilho 
Contra si mesmo
Ninguém segurou Sócrates
Para que engolisse a cicuta