segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
A Dama das Estações
As pessoas me mastigam e me engolem
como se fosse uma comida ruim
Me traem as lembranças, tudo que fiz
por um mísero maço de cigarros
É difícil deixar tudo pra trás
não voltar a tomar aquela bebida que tanto odeio
quanto mais ainda
aceitar aquilo que passou
e abrir as portas para o que virá
Me tranco, me isolo, não me deixo ser
Assisto filmes querendo ser personagens
filmes em que a tristeza parece alegria
quero qualquer infelicidade, menos a minha
Ó Sevérine, me deixe tocá-la mais uma vez
me apunhale mais com esses seios afiados
só que não me deixe só
neste inverno e inferno que virá
São todos vampiros que sugam a felicidade
Belle de Jour foi apenas um sonho bem pago
Vista-se, vá pra casa e depois...
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Silenciosos e Imprecisos
Eu me perco em memórias
de um dia aonde os pássaros não tinham medo de voar
São devaneios que me tiram por alguns minutos deste inferno
Juro que faço por onde mudar
Dia após dia, eu procuro ir em frente
como naquela música
Mas, tem sempre algo que me prende
que me arranca a esperança
e o amor pela vida
Mantendo em gavetas todos os planos de um dia bom
Confesso que estive por muito tempo perdido
nas crenças de ter alguém para cuidar
e pouco me movi, pouco procurei plantar
para hoje ter o que colher
Tudo fiz pela metade!
Ás vezes quero trancar as portas
ligar o gás e procurar em outro lugar
uma vida digna para se viver
Longe da dependência humana
Longe de lembranças e sentimentos inocentes
Hoje já não quero mais te ver
e sim, me encontrar
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
Talvez aquele garoto esteja esperando muito, sem nem sequer viver. O seu problema na verdade, é não se permitir viver, vive procrastinando a própria vida, e não deixa nada acontecer.
Pouco sai de casa, diz sim, mas a sua atitude é sempre um não. Não comparece aos encontros. Não procura um emprego. Não busca o conhecimento. Deseja muito, mas não faz nada para ter. As vezes, parece que tem algo que o deixa amarrado na cama, talvez sejam cordas invisíveis. Seu melhor amigo é o pessimismo.
Este garoto é visto todos os domingos na missa, não falta um sequer, está lá em busca de uma boa semana, quase não presta atenção no que é dito pelo padre, o mesmo pouco se identifica com essa coisa de "participar da comunidade", é sempre um discurso feito pelo padre.
A sua timidez é tão grande, que não larga do celular, é pra desfarçar o quanto se sente deslocado, então fica jogando aqueles joguinhos bestas de bolinha nos cantos da festa, da escola.
Mas, ele vive e espera o amor de sua vida. Sente muitas saudades de coisas passadas, e morre de pressa para que chegue logo o futuro. O garoto morre de curiosidade de saber qual é o seu lugar.
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